Sei que poderei ser odiado no dia que escolheram para ser o
dia do amor.
Mas o mais do mesmo sempre me cansa. É muita declaração
clichê nas redes sociais. É muito institucional sentimental jogado por aí. É
muita foto de pombinhos apaixonados. O amor deve ser provado e não mostrado.
Quero mesmo é lembrar de um certo 12 de junho já lançado na brisa dos anos.
Sábado frio. Muito frio.
A TV vai mostrar uma partida de futebol. Aliás, a TV vai
mostrar a final do campeonato paulista de 1993.
Ainda batia uma certa indefinição futebolística. Não era bem
indefinição, era não dar tanta importância ao futebol.
Eu queria que o Corinthians ganhasse. Mas estava tranqüilo,
ao contrário de como fica um CORINTHIANO.
Começa o jogo e gol. Um a zero Palmeiras. Mais alguns
minutos e gol outra vez. Dois a zero Palmeiras.
Não lembro se foi com um, dois ou três a zero que Edmundo dá
uma entrada criminosa em um jogador do Corinthians e nem amarelinho rolou.
Fim dos noventa minutos. Três a zero.
Eu gostava daquele time. Daquele time que estava perdendo,
do time que lutava, ignorava a inferioridade e até mesmo os erros de arbitragem
que tantos falam ser sempre favoráveis a ele.
Mais quinze minutos para fazer um gol e ser campeão.
Início de prorrogação e pênalti. Pênalti para o Palmeiras.
Expulsão do goleirão cabeludo, louco, que detestava perder. Assim como eu que
detestava perder até nos amistosos de bolinhas de gude. Identificação
autêntica.
Pênalti batido e gol do Palmeiras.
E os minutos passam e o Palmeiras é campeão paulista de
1993.
E eu vendo aquele jogo não tive dúvidas após o friorento 12
de junho de 1993: meu time era o Corinthians.
O time que deveria torcer não poderia ser um hit de amor
passageiro. O time que eu deveria torcer não poderia ter uma data, uma fase, ou
qualquer coisa que o fizesse igual.
Há 20 anos o Palmeiras deu mais um louco para o bando.
Parabéns e obrigado Palestra.