Chego ao bar do centro, e ele está lotado. Na cidade de 20
mil habitantes é considerado o bar da elite, embora o seu proprietário seja um
trabalhador, batalhador e nem grau de escolaridade elevado possui.
Elite em cidade pequena ou até mesmo nos grandes centros
hoje em dia, não necessariamente seja significado de ter muita grana. Vale
também o status ou querer ser de tal grupo. E na cidade de 20 mil habitantes é
assim. Muitos vão ao bar da praça central para fomentar o ego social.
Chego por volta das 21 horas do sábado. Meio mulambento:
tênis, calça e camiseta sem marcas expressivas. Um amigo já presente no local
acena e até lá vou. Na mesa mais duas pessoas. Nenhum possui grau escolar acima
do segundo. O que evidente não os fazem
menores quanto seres humanos, até porque são trabalhadores honestos.
Um pouco mais cedo eu e os mesmos estávamos em um boteco no
meu bairro, o maior e popular da cidade. Nem muito pobre, nem muito rico, se é que
seja válida essa expressão. Estão todos
lá sujos depois de um dia intenso de trabalho debaixo de um ardente sol. Nada
de mesa. Tão no balcão, com um copinho de cachaça do lado e dão risadas
saboreando uma deliciosa cerveja detentora do valor mais baixo daquele ambiente.
Evidente que me junto a eles e saio feliz da vida. Bebi muito e gastei pouco
com o mesmo amargo no céu da boca que um rótulo mais caro causaria.
Voltando ao bar do centro, os mesmos amigos estão lá com uma
vestimenta nos padrões da sofisticação. Saboreiam o mesmo rótulo que a maioria
presente no local bebe. Mas o conteúdo do bate papo e o modo de sentar são os
mesmos. Pois, a marca famosa da camiseta e da cerveja engana bem nos dias de
hoje.
Saindo do bar do centro, me lembro de ocasiões que sempre
acontecem na hora de pedir a cerveja. Seja nos bares ou nos churrascos. Há
sempre um individuo que não pode tomar a cerveja barata, porque dá dor de
cabeça no outro dia, enjôo e a alegação mais freqüente: caganeira.
- Essa eu não bebo! É só eu beber dela mijo sentado! Fala
com propriedade o Zé Mané.
Até parece que se você encher a cara, comer tira gosto em
excesso durante um cerimonial cervejístico, no outro dia você não irá sentir um
desses sintomas. Que encheu a cara e por isso passou mal, isso não se admite.
Já me dei por ridículo há algum tempo com essa de querer só a
cerveja mais famosa. E era tão pé rapado quanto hoje. Não que tenho algo contra
quem tome uma cerveja cara e que jamais faço isso. Evidentemente que bebo. Não
nego que surto de vez em quando e desesperadamente quero tomar a cerveja tal. O
engraçado é que o signo que vejo em minha mente, é o rótulo da bendita.
Uma vez em um churrasco dei a ideia de colocar uma cerveja
diferente no copo de um amigo que vivia reclamando que determinada cerveja lhe
fazia mal. Na bagunça que estava o ambiente, peguei seu copo, fui até a cozinha
e enchi com vontade o recipiente da figura com a marca que ele detestava.
Golaço! Bebeu a copada feliz da vida. E até hoje não
acredita na brincadeira.
A preocupação com o que os outros pensam, ainda é um amargo
que regride a sociedade.
Deveríamos acreditar mais na humanização do que nas
máquinas.
Veja no link uma matéria realizada pela TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas, sobre troca de rótulos de cerveja. Você já pode ter tomando uma deliciosa Kaiser achando que era uma Skol redondinha. Ou ainda pode cair em alguma pegadinha no churrasco com os "amigos".
Confira a matéria: www.alterosa.com.br
- Rótulos são para coisas, não pessoas. Um dia a humanidade há de pensar dessa forma, enquanto isso desce uma Kaiser ai...HAHA
ResponderExcluir