sábado, 14 de abril de 2012

Tempo


Na rua ela andava com os pés em contato direto com o chão. Chutava bola de meia, de plástico e marcava gol de final de copa do mundo quando tocava em uma bola de capotão.

Escondia, corria, gritava, cantava e assoviava com o pescoço inclinado. O som ecoava suave pelos ares.

A mão sentia a terra, os braços sentiam verdades. O rádio de pilha com seu som chiado não precisava de login e senha para ser comunicado.

A inocência fazia dispensar qualquer tela para protestar. A indignação era na cara. Havia coragem para atos de protesto.

Mas ela, a infância passou.

Esconder, correr, gritar, cantar e assoviar perdeu o sentido.

O rádio de pilha não serve nem para enfeite.

E a inocência ficou superficial. E a indignação virtual.

A tecnologia chegou.



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