segunda-feira, 9 de julho de 2012

O dinheiro que entristece



Interior de algum lugar do mundo. Ausência de trabalho. Depois que fora despachado a pontapés em forma de atitudes de poder, não mais se acertou. Falo de Juca Silva.

O hoje homem criado fisicamente é um bebê moral de seis meses pedindo ajuda para a mãe. Não pede leite, pois o álcool lhe mata a ansiedade e oferece o sono que por instantes dá lhe o descanso no colchão. Juca precisa do leite da vida, misturado com paz.

Juca perturbado pela maneira que perdera o emprego, até hoje não compreende a razão de tanta implicância. De tanta ganância por dinheiro. Por tanta maldade. Iludiu-se e foi buscar outros ares. Mas mais gastou do que recebeu. Voltou. Inferno astral no topo.

Entre um trabalho e outro, instabilidades. Sonhos mais desejos, igual: ilusão.

Prometera faz alguns anos que jamais iria voltar para aquele lugar de onde saiu moralmente como um vômito. Mas e o dinheiro?  Não tinha nem para o picolé. Juca o traiu, matou sua consciência, magoou o pouco que restava em si de felicidade e esperança.

Contas e contas atrasadas, gente lhe cobrando, amigos (?) se afastando. Juca era uma salada de sentimentos: tristeza, necessidade, culpa, hipocrisia e até honestidade. Sim! Honestidade porque trabalhará para seu sustento sem cuidar da vida de ninguém diretamente.

A alma de Juca chora. Os olhos resistentes nem lacrimejam. Tentam olhar para frente, imaginado que para chegar ao alívio, necessita-se encarar pelo menos com ironia tanta dor.

Por algum tempo não lhe faltará dinheiro. Mas lhe sobrarão dores profundas e cicatrizes morais. Pois, o dinheiro que receberá pelo trabalho honesto, não é de gente honesta.

Agora as dívidas de Juca são com seu solado coração. 


Ps: esta postagem é a de número 200 do blog.
 Imagem usada no texto extraída do blog: http://tiagolinno.wordpress.com


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