Interior de algum lugar do mundo. Ausência de trabalho.
Depois que fora despachado a pontapés em forma de atitudes de poder, não mais
se acertou. Falo de Juca Silva.
O hoje homem criado fisicamente é um bebê moral de seis
meses pedindo ajuda para a mãe. Não pede leite, pois o álcool lhe mata a
ansiedade e oferece o sono que por instantes dá lhe o descanso no colchão. Juca
precisa do leite da vida, misturado com paz.
Juca perturbado pela maneira que perdera o emprego, até hoje
não compreende a razão de tanta implicância. De tanta ganância por dinheiro.
Por tanta maldade. Iludiu-se e foi buscar outros ares. Mas mais gastou do que
recebeu. Voltou. Inferno astral no topo.
Entre um trabalho e outro, instabilidades. Sonhos mais
desejos, igual: ilusão.
Prometera faz alguns anos que jamais iria voltar para aquele
lugar de onde saiu moralmente como um vômito. Mas e o dinheiro? Não tinha nem para o picolé. Juca o traiu,
matou sua consciência, magoou o pouco que restava em si de felicidade e esperança.
Contas e contas atrasadas, gente lhe cobrando, amigos (?) se
afastando. Juca era uma salada de sentimentos: tristeza, necessidade, culpa,
hipocrisia e até honestidade. Sim! Honestidade porque trabalhará para seu sustento
sem cuidar da vida de ninguém diretamente.
A alma de Juca chora. Os olhos resistentes nem lacrimejam.
Tentam olhar para frente, imaginado que para chegar ao alívio, necessita-se
encarar pelo menos com ironia tanta dor.
Por algum tempo não lhe faltará dinheiro. Mas lhe sobrarão
dores profundas e cicatrizes morais. Pois, o dinheiro que receberá pelo
trabalho honesto, não é de gente honesta.
Agora as dívidas de Juca são com seu solado coração.
Ps: esta postagem é a de número 200 do blog.
Imagem usada no texto extraída do blog: http://tiagolinno.wordpress.com
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