“Já há um bom tempo, venho percebendo que essa história de que cidade do interior é sossegada, não é preciso pressa e o sono é tranqüilo. É mais um estereótipo.” Parte do texto “Sobre o Tempo” que postei domingo do último dia 11.
Não vou empolgar e dar-me a denominação de um profeta. Nem precisa. Basta viver o interior intensamente. E com os olhos espalhados para todos os lados, das ditas pacatas cidades, que verá que nelas também existem infernos, com diabos e capatazes.
Madrugada do dia 16 para o dia 17. Férias rolando, turistas circulam pelas ruas como se tivessem no jardim de suas casas, tamanha é a confiança e certeza de que na cidade pequena é tudo tranqüilo. Assalto, tiro, gente desleal, mal educada e de confusão, isso não existe a não ser nas grandes cidades. Não existia! Pois agora existe! Ainda com uma intensidade bem menor do que nos grandes centros, mas um pouquinho do fogo do inferno já começa a queimar nas pequeninas e “calmas” zonas urbanas.
Eu, e mais 2 amigos tomávamos uma cervejinha habitual de sexta-feira em um bar na principal rua de Carmo do Rio Claro. Trocávamos idéias sobre futebol, música, carnaval, mulheres, e já combinávamos o que fazer no sábado à noite. Coisas corriqueiras de quando se tomas umas geladas. E em um bar ao lado, o ambiente começava a esquentar. A música que tocava por lá era “carinhosamente” propícia para que desentendimentos acontecessem.
Um empurrão, outro, depois mais um. A atenção de quem estava por perto já começa a ser acionada. Eu, mesmo um pouco longe da confusão que começava, me mantive mais atento ainda. Pois pelo jeito que a coisa caminhava, a bola de neve estava no pico. Era só descer rolando.
Puta quebra pau! A discussão que iniciou por causa de um dvd (fui atrás depois para o motivo que ocasionou tal fato, e descobri que foi por um dvd) entre 2 caras, acabou em uma pancadaria entre uns 30 homens, com mulheres entrando no meio (berros e choro agudíssimos), e sangue espalhado na rua. Cadeiras começam a ser armas, e nessa hora a direção do bar onde eu e meus amigos estávamos fecha todas as portas do estabelecimento temendo que a pancadaria entrasse recinto adentro.
Nenhum um tiro, é verdade! Mas para uma cidade de interior onde se imagina só a tranqüilidade e que há 15 anos esse tipo de situação era inimaginável. Hora de acionar os alarmes.
Jamais esquecerei a cena. O bar lotado, um calor daqueles, e todos ali, enjaulados e espantados com o acontecimento. No momento pensei em tirar uma foto para mostrar a cara de espanto de todos. Mas achei melhor não. Pois nenhuma imagem retrataria melhor a situação que você possa imaginar o que se passava ali. Para quem estava no local então? Um retrato que sempre a mente revelará. Alguém comentou: “nunca imaginei passar por isso aqui”. Todos que ouviram concordaram.
Lembrei de 2007 quando eu e esses mesmos 2 amigos saímos de Alterosa (cidade vizinha e menor que Carmo do Rio Claro) escoltados pela galera do bem daquela cidade. Não esqueço a cena de mais ou menos uns 15 carinhas vindo pra cima de mim aos chutes. Incorporei um Robinho no improviso, pedalei e saí de todos. Milagre!!!!! Se não, não estaria aqui para contar esta história. Tamanha surra que levaria.
Aconteceu comigo. Aconteceu com conhecidos. Aconteceu com muita gente. Situações constrangedoras e perigosas em cidades consideradas pequenas e tranqüilas.
Esqueça de uma vez, e pare de confiar no estereótipo criado para deixar as cidadezinhas inocentes. Há violência no interior sim! Por enquanto dá para ir levando. Se providências não forem tomadas. Aí não vai dar para ficar, por exemplo: “carmo” em Carmo.
Cara, essa de Alterosa eu não sabia. É aí que entra mais uma imagem clichê: O "de fora", que vem pra cidade pequena, não é bem vindo entre aqueles que se acham "os donos do pedaço". Eu imagino o que pode ter causado a correria dos 15 carinhas (vixe, 15 MAIS OU MENOS?) atrás de você, mas nem vale a pena dizer.
ResponderExcluirFica frio, isso é INTERIORRR.