“No último sábado (24) li na primeira página de um site na internet sobre a tragédia de Jaguariúna, onde 4 pessoas morreram pisoteadas e segundo a informação que li, mais de 500 ficaram feridas”.
Assim comecei o post intitulado “Abri a porteira 1”.
E como havia prometido (e enfim vou cumprir uma promessa aqui no blog) escrevei minha indignação em relação a organizadores de festas na sua grande maioria e também os meios de comunicação, também em sua grande maioria. Sou meio suspeito à generalização.
Na ocasião que li a matéria que começo este post, logo quando terminei pensei em fazer um debate na rádio (para quem não é do sul de minas, e não sabe, apresento um programa de interatividade de 12 até 13 horas de segunda a sexta pela Onda Sul fm). Mas em precoces segundos caí na real. Pensei: “se coloco em discussão a segurança dos rodeios, será bem provável que a coisa não ficará boa para mim não”.
O motivo? Simples o raciocínio, lógico e muito claro.
Caso levantasse uma discussão dessas no ar, em época de festas de peão em uma região tomada por esse tipo de evento, onde praticamente todas as cidades anunciam na rádio que tem o maior alcance regional, atingindo um público que ultrapassa dois milhões de habitantes, dessa quantia jogamos bem por baixo que duzentos mil ouçam, já é um número considerável para a divulgação de um evento, uma vez que existe a multiplicação das vozes. Um ouve, fala para o outro que não ouviu, que vai comentar a festa tal com o fulano e por aí vai... se me atentasse na ousadia de falar sobre o acontecido em Jaguariúna e dando a entender que estaria prejudicando as que aqui ocorrem, certamente boa palavras não seriam dirigidas a mim. Isso se não perdesse o emprego.
E como já havia combinado comigo mesmo em entrar na política dos coleguinhas,(isso temporariamente) resolvi deixar quieto e ficar observando. O óbvio! Ninguém tocou no assunto e continua firme e forte os comerciais das exposições agropecuárias, sorteios de ingressos, rabichos e toda essa papagaiada que polui os ouvidos de quem ouve.
E é aí é que a coisa é irritante ainda mais. Mesmo sabendo que a plástica da emissora (isso qualquer uma em sua grande maioria) fica um lixo com essas coisas, parte comercial não quer nem saber, quer é vender e encher o bolso (maldita porcentagem que vendedor em alguns casos tem) e que se ferre a parte artística, programadores musicais, locutores e apresentadores.
Parte artística que é a última a palpitar e ter alguma razão em tempos atuais na mídia. Pois essa por mais que necessite da grana, sempre busca levar o seu melhor, principalmente pelo prazer em fazer algo do agrado do ouvinte no caso do rádio, mas esquema financeiro breca toda essa motivação e qualidade.
Nem mesmo informação é possível passar. No caso da notícia de Jaguariúna nem falado como uma nota jornalística foi, pois possivelmente mexeria com os organizadores dos lados do sul das Gerais e estes comunicariam a emissora e talvez até cancelariam seus contratos. Então, direção comercial é cutucada e para livrar o dela e manter o anunciante pressiona a parte artística que contrariada leva um exagero de jabás ao ar.
Já me revoltei e discuti essas questões. Não mais que duas semanas resolvi deixar de lado. Vou entrar no jogo, aceitar o que mandam de maneira serena só para ver onde isso tudo vai dar. Porque acredito que uma hora a casa pode cair. O excesso pode virar ausência. Muitos contratos, dinheiro e talvez por isso, falta de qualidade e audiência.
A questão é que: o principal condutor de um meio de comunicação, o comunicador, hoje é o menos valorizado. Um organizador de evento anuncia, depende dele e ali injeta grana. O organizador do evento tem seu retorno, depois de inúmeras exigências na hora da divulgação, o departamento comercial acata as ordens do organizador anunciante e tira o seu também. E na brincadeirinha quem levou e fez o nome da festa não tem direito a nada e é o que menos lucra com isso. Em algumas vezes iludido com algum convite. Poupe-me.
Dentro de tais questões termino um pouco mais aliviado em ao menos aqui poder me expressar, pois aqui no Vidrassa eu sou meu próprio Silvio Santos. O que não é garantia de nada, já que alguém da parte dominante ou um puxa saco dela possa ler e isso ocasione alguma a minha demissão da emissora que trabalho. Não acredito que seja mandado embora, mas que uma ordem virá para que eu não mais divulgue o blog lá isso já é muito e quase provável.
O poder me assusta!
E é bem pior que você imagina.
Mas estou de olho...
É por essas e por outras que me recuso a participar desse tipo de "festa". Por conhecer os bastidores de tal espetáculo, sei muito bem o quanto é sujo o mercado (e a política) que envolve o Agronegócio... Negócios mesmo, raramente transcende essa definição, creio.
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